domingo, 8 de julho de 2012

Espécie rara de sapo encontrado em área habitada do Sertão

Espécie rara de sapo encontrado em área habitada do Sertão

  

Publicado no Jornal do Commercio, em 4 de julho de 2012.

Ele é verde, chifrudo, tem uma boca enorme e emite um som estridente quando em perigo. O sapo-boi em questão, na lista de animais ameaçados de extinção, foi encontrado em Triunfo, a 355 quilômetros do Recife, no Sertão. Mais que a forma e o coaxar esquisito, o local da descoberta chamou a atenção da equipe da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). “No lugar da densa mata das encostas, o bicho estava numa área habitada”, relata a bióloga Ednilza Maranhão. “Isso é surpreendente, em se tratando de uma espécie raríssima.”

Conhecido desde 1986, o anfíbio é cientificamente chamado Ceratophrys joazeirensis. O nome é uma referência a Juazeiro, na Bahia, onde pesquisadores coletaram o primeiro exemplar da espécie. “Depois houve registros em Araruna, na Paraíba, e em Passa e Fica, no Rio Grande do Norte. Essa é a primeira vez que o animal é assinalado em Pernambuco”, diz Ednilza, professora do Departamento de Biologia da UFRPE.

A equipe, coordenada pela pesquisadora, observou o sapo-boi em Café do Brejo, uma região agrícola de Triunfo onde o cultivo predominantemente é de batata-doce. “Mesmo lá, ele é raro. Coletamos apenas três, um adulto e dois jovens”, diz Ednilza. A pesquisadora publicou a descoberta na Herpetological Review, periódico científico americano especializado em herpetologia, ciência que estuda os anfíbios e répteis.

O sapo, de aproximadamente 15 centímetros, é provavelmente carnívoro, a exemplo de outras espécies do gênero Ceratophrys. As fêmeas costumam ser um pouco maiores. A alimentação do bicho ainda é desconhecida, mas, pelo tamanho da boca, os biólogos acreditam que inclua animais como roedores, lagartos e até serpentes.

HÁBITAT

Mesmo sem floresta, as áreas habitadas de Triunfo guardam a umidade necessária à sobrevivência de anfíbios. “A altitude elevada e a disponibilidade hídrica propiciam condições climáticas favoráveis”, descreve. Pequenos córregos, detalha Ednilza, cortam a região onde encontramos esse sapo-boi.”

A próxima etapa da pesquisa será identificar não só a dieta da espécie, mas também a biologia reprodutiva e estimativa populacional. “É preciso saber como e quando ele se reproduz e quantos são para poder traçar estratégias de conservação”, justifica.



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